quarta-feira, 14 de agosto de 2013


MINHA

Ela joga seu vestido surrado no chão do quarto. Novamente posso ver seu lindo corpo nu.
-- Agora é permitido espalhar roupas pelo chão?  Quando sou eu, você reclama! – digo, só para vê-la encabulada e desmoralizada. Finjo não perceber sua nudez.
O vestido vai para o cesto de roupas sujas, e a autoestima vai para o lixo.

Minha mulher retorna ao quarto, agora toda coberta por um moletom antigo, que já conheço bem. Mando-a tirar a roupa. Seus olhos me fitam, posso jurar que vi um pouco de rancor neles.
-- Vai, tira! Quero te ver nua em cima de mim!       
-- To cansada.
-- Mas eu vou te dar carinho. Vem, vem! Vem que eu vou te encher de carinho!
E eu cumpro a promessa; a acaricio por mais meia hora. Beijo todo o seu corpo, incluindo os hematomas. Tenho prazer em beijá-los.
Minha garota relaxou. Ela foi minha por mais uma noite inteira.

E foi sempre assim minha vida inteira: o que tenho é só meu; o que temo, imponho aos outros.



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